terça-feira, 20 de maio de 2014

Um Recife mais cosmopolita, variado e interessante


Matéria publicada no Diário de Pernambuco no último dia 15 de maio:

"Muitas vezes nossas vidas profissionais dão diversas voltas. Com certeza foi o meu caso, mas posso dizer que estou hoje em uma situação privilegiada, escolhi e consigo trabalhar com o que gosto: sou sócio de um curso de Inglês inteiramente voltado para Negócios. E essa atividade me faz pensar bastante sobre como o Recife tem mudado.

Nos anos em que morei em São Paulo, uma das coisas que me impressionava era a quantidade e criatividade de opções que a cidade oferecia em diversos setores. Um amigo na época brincava, dizendo que era possível encontrar um restaurante de comida mexicana preparada por argentinos, com um grupo de espanhóis tocando bossa nova.

Exageros à parte, a impressão passada é de que o mercado paulista permite a entrada de negócios mais voltados para nichos, focando em interesses bem específicos.

Há poucos anos, esse mesmo cenário parecia pouco provável na Veneza Brasileira. Pare e pense quantos restaurantes de cozinha francesa havia nela há cinco anos. E quantos ‘Pubs’? 

Estabelecimentos japoneses especializados em temakis estão por toda parte. O Outback é um sucesso, apesar do Applebee’s ter falhado recentemente. E não é apenas no segmento da gastronomia que isso está acontecendo. Já se pode comprar uma moto Harley Davidson aqui. Ou encontrar produtos para ‘nerds’ e ‘geeks’ no Paço Alfândega. 

O crescimento econômico do estado gerou não só um aumento de remuneração e de oportunidades profissionais. Ele trouxe ainda variedade de escolhas e opções para gostos mais peculiares. 

Na área onde trabalho, não foi diferente. Houve algumas tentativas anteriores de se oferecer cursos de Inglês para negócios voltados, exclusivamente, para adultos. Mas nada parece ter ‘vingado’, e a alternativa era continuar oferecendo o ‘básico’ e ‘seguro’ ‘General English’, que abrangia um número maior de interessados, sacrificando o atendimento de necessidades específicas.

Ainda bem que isso mudou. Hoje, pode-se optar por aprender Inglês voltado para uma realidade profissional em turmas formadas apenas por adultos. O mercado recifense abriu espaço para produtos especializados, e uma demanda latente que esperava ansiosa por uma solução agora está sendo atendida. E a reação mais comum que percebemos é ‘finalmente, por que vocês demoraram tanto?’. 

Assim como em outras áreas, o mercado de nichos tende a ser (muito) menor que o tradicional. Acredito que os bistrôs franceses não irão atrair mais público que as churrascarias. A diferença é que eles, agora, não estão fadados ao fracasso.

Quanto a mim, fico feliz de ter minha pequena, porém válida, participação em também oferecer uma opção diferenciada nesse Recife mais cosmopolita, variado e interessante."